Os grandes albatrozes, do género Diomedea têm a maior envergadura de asa de qualquer espécie não-extinta. Das 21 espécies de albatroz reconhecidas pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), 19 estão ameaçadas de extinção. Estabelecem relações monogâmicas entre macho e fêmea que duram até ao fim da vida.
Nos traços quentes e perecíveis de um rosto a água deixa sulcos profundos e escuros, antiga perenidade gravada no vivo dos ossos malares, que os dedos frios tentam apagar. Não tem conserto, a água não pára, jorra de um abismo antigo, sem memória, vai desfazendo os ossos, a carne, a pele, vem de dentro, do fundo, do antes, corroendo o que respira, os ossos ardem? não sei, são duzentos e seis, a água é travada nos ombros, como se estes fossem dunas rebeldes, poderias consertar-me agora? dos ombros para cima, onde as dunas travaram a água, poderias consertar-me? não. o estrago é tão perene quanto a alma. por isso, com tudo o que sobrevive para lá das dunas danço, com tudo o que morre, canto.
Hoje percorri toda a cidade a pé. Uma cidade cheia de colinas. Gostei de imaginar-me invisível entre a multidão. Colina abaixo, colina acima, os edifícios, como árvores mutantes de betão, o céu azul e branco, por cima, o céu, a voar sobre a minha cabeça, a voar sobre a cidade, a voar sobre as árvores mutantes de betão, a voar sobre a multidão, eu invisível, de pés leves, quase sem tocarem o chão, o vento de norte a brincar-me com os cabelos, a puxar-me pelas roupas, leves, como os pés. Hoje passeei na cidade e procurei-te por toda a parte, mesmo sabendo que não ia encontrar-te, se te encontrasse, não me verias. Passeei invisível, os pés flutuantes, serias mais um na multidão que me não veria, sentirias apenas um sopro no pescoço, como uma refrega mais quente. Caminhei e caminhei, quase dancei e cheguei à avenida cheia de plátanos, caminhei mais devagar sob eles como quem caminha na floresta, caminhei sob os plátanos centenários e cumprimentei-os a todos, como velhos amigos, as árvores de prata e oiro, agora de prata, vestidas de verde, minhas companheiras de sombra e claridade. Desci a avenida em direcção ao rio, sempre por entre os plátanos, a cidade e os carros e o barulho desapareceram, levantei voo até às copas de folhas pentalobadas, o verde a brincar com o oiro da luz, misturei-me com elas, com as folhas verdes e douradas, com os dedos esguios dos plátanos de tronco prateado e desfiz-me.
Um filme de Luc Besson com música de Eric Serra. Um filme sensível e visualmente belo, que retrata a diferença e o isolamento que ela provoca, a amizade e a obsessão para além da vida.