Ela está na árvore, de calções de ganga e blusa cor-de-rosa, quase invisível. Porque cresceu com elas, com as árvores, porque um dia adormeceu abraçada aos troncos rugosos com a música suave do vento a brincar com as folhas, porque arrancou as folhas, e as flores e os frutos, e rasgoub as primeiras, para as conhecer por dentro e por fora, e esmagou as pétalas das outras, para lhes sentir a fragrância e os óleos e abriu os últimos, para lhes ver o caroço e os saborear, porque sentiu nas suas pequenas mãos e nos joelhos e na parte interior das pernas todas as pequenas saliências e texturas, que arranhavam, por vezes feriam, numa retribuição de curiosidade e amor, e porque aprendeu tudo sobre a força dos troncos, inquebráveis e a fragilidade dos ramos, que arrancou com um só puxão, para sentir a seiva escorregar-lhe por entre os dedos, um dia ela amará as árvores. Como só uma criança que as trepou e conheceu por dentro e por fora pode amar as árvores. Será uma dríade.