Todas as árvores nascem de uma semente. Menos a primeira árvore, cuja
semente se transformou em semente por força de um sonho. É isso que os
sonhos fazem. Criam impossibilidades. Os sonhos não são sementes. São
caos. São desorganização e energia. Até que alguém pegue neles e crie
com eles uma semente. Ou um ovo. São impossibilidades à partida, porque
tudo ao redor deles, o que já é, luta contra eles. Isto porque a nova
semente, o novo ovo, irá, com o tempo, destruir tudo o que é.
As crianças sabem sempre o que querem ser, quando forem grandes. Também
eu, quando criança, o sabia. O problema é que nunca fiquei grande.
Quando permanecemos crianças, não sentimos necessidade de transformar os
sonhos em realidade. Continuamos a sonhar e os sonhos vão mudando e,
com a ajuda dos que nos rodeiam e já não têm sonhos, mais pequenos.
Quanto mais pequenos os sonhos, maior a quantidade. São niquitos de
sonhos. Como pirilampos. São aos milhares, talvez biliões. Mas tão pirilampos
e fugazes que nem damos conta deles, desaparecem antes que consigamos
tocar-lhes, mas mantêm o nosso interior vivo e iluminado. Porque são
muitos biliões de pirilampos.
Hoje é um dia especial, porque todos os pirilampos se uniram e criaram um sonho maior, assim como um elefante. Não é possível ignorar um elefante, mesmo que um elefante bebé. Quando surge o elefante, já nada consegue parar essa visão. Até hoje, os pirilampos eram esmagados debaixo de sapatos crescidos, mas não é possível os sapatos esmagarem um elefante. Até porque o elefante é invisível para os sapatos. A única mente que o vê é a mãe dos pirilampos e sonhadora do elefante. O elefante começa a andar e espera pela sonhadora. Ela terá de o acompanhar. A mãe dos pirilampos caminha agora com o elefante. Neste novo caminho, a mãe dos pirilampos terá de aprender a manter o elefante vivo, porque o elefante é a semente do caos.
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