Esta frase estava escrita nas paredes interiores da Associação Naval de Lisboa. Nunca me esqueci dela. E nesta altura, o poema que Fernando Pessoa escreveu com base nela, parece-me particularmente inspirador. Teremos coragem? Quem ou o que somos, afinal? Quantos de nós ainda preferem navegar a viver?
Enfim, fica o poema. Espero que vos inspire tanto como a mim.
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Fernando Pessoa
Dizem que a frase original (Navigare necesse; vivere non est necesse, em latim) foi de Pompeu, que a disse aos marinheiros que tinham medo de navegar durante a guerra. Terá sortido efeito? Não li A Vida de Pompeu, de Plutarco, não saberei dizer. Não gosto de guerras. Mas gosto de Fernando Pessoa e da sua Mensagem.