Toda aquela prata, ali, espalhada no corpo da areia, toda aquela luz pelo corpo do mar fora e todo aquele azul por entre o vento. Todo aquele vento, ali, espalhado no corpo das dunas.
E era no meu corpo de areia que rebentava em espuma todo aquele mar. Era do meu corpo de vento que brotavam macias todas aquelas dunas, era o meu corpo de água que batia na areia, sôfrego.
E as mãos pesaram, tombaram ao longo dos corpos cansados, e a alma ficou leve, empurrou a areia no vento de encontro ao corpo das dunas. Foi quando todos os dias e anos pesaram, e soltaram-se, ali, espalhados sobre o corpo cansado e dorido da última praia deserta.
Na última praia as dunas inclinaram-se no vento, sorvendo o mar e o inverno, e eu deitei-me no chão de braços abertos, respirando aquele último verão que morria devagar, e sonhei, e senti e, pela primeira vez, amei.
Escrevi um nome na areia.
Faz-se tarde. Se não me encontrarem, procurem-me no vento.
Fotografia de Dale Durfee