por
Sofia
on
segunda-feira, novembro 16, 2009
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de mais nada fazer.
Clarice Lispector

Brilhante! Ontem quando li este seu post, fechei os olhos e senti cada palavra, como se cada uma ecoasse dentro de mim naquele preciso momento...
ResponderEliminarAo mesmo tempo uma tristeza por esta certeza que aqui é dita neste pensamento que só pode brotar de alguém que sabe amar e, o que é o amor puro, autêntico e genuíno.
Curiosamente também digo que o amor, qualquer sentimento não pode ser mendigado, mas ainda assim acabamos por tudo fazer para que nos amem e, quando há aquela reciprocidade é o melhor que nos pode acontecer. Sentimos ter recebido o melhor presente que a vida também nos pode conceder.
Obrigada por este texto e, também pelas suas palavras na carta de S.Paulo, também é naquele amor que acredito e, que gostava de ver mais vezes no olhar das pessoas, nas suas vidas e, não apenas como uma mera ilusão ou, algo utópico, eu acredito, sou realista, mas também uma idealista.
Bjnho
Um belo e dorido texto de Clarice Lispector, ela que, de acordo com os que a conheceram de perto, tanto terá sofrido.
ResponderEliminarPorque mergulhamos tanto no sofrimento? Como diz Drummond (cada vez gosto mais desse poema dele), a dor é inevitável, o sofrimento é opcional.
Cara Luz, eu sei que esse amor existe, porque o sinto todos os dias. É só preciso estarmos abertos a ele. Também pode dar-se o caso de eu ser completamente louca... :)
Quem sabe?
Laura,
ResponderEliminarÉ de facto um texto bem dorido e, só quem sofre por amar alguém pode escrever algo semelhante e, é um facto que ela terá sofrido muito.
Quanto a Drummond é também dos meus eleitos e que sempre me acompanha, é tão real este poema que refere.
Também acredito nesse amor, no amor e, também o sinto e quero sempre o sentir e, como diz temos que estar abertos a ele, a doá-lo e a recebê-lo de braços abertos, com corpo e alma.
E quanto a ser louca, eu poderei então dizer ambas o somos, para mim a "loucura" permite-me ter sanidade e lucidez, ser louco é uma coisa, ser maluco ou doido é outra, aqui trata-se de loucura saudável, é desta forma que entendo a loucura, a minha loucura, a de ambas talvez :)
Continuemos loucas, porque não !?
Bjnho
Sim, acho que desta loucura não me curarei nunca. :) Há curas que são piores que a doença. Continuemos assim.
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