as almas, os pássaros

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Não é de agora. É de todos os dias e todas as noites. O natal. Nascer. [Re]nascer. A rosa interior, a última de sete, a primeira de sete, a que arde ligada ao absoluto, ao eterno, aquela que é do amor anterior. A rosa do fado e da saudade, a que viaja e descobre, a que é e não é, a que procura já tendo encontrado, a que pergunta já tendo a resposta. Não é de agora, o natal. O natal nem é agora. O natal é de sempre. Para sempre. O único natal feliz é o que desperta. E é isso que desejo a todos neste mundo, da pedra ao humano.

domingo, 12 de dezembro de 2010


Um texto de Elio Gaspari

Os maganos da Amazon, do Mastercard, da Visa e do PayPal tentaram asfixiar o WikiLeaks e foram surpreendidos por uma revolta que juntou dezenas de milhares de micreiros, atacou seus portais e derrubou alguns deles. Na Holanda, foi preso um "wikihacker". Tem 16 anos. À força dos poderosos contrapôs-se a mobilização dos teclados da internet. O mundo do sucesso cibernético produziu figuras legendárias como Steve Jobs e Mark Zuckerberg, mas os "wikihackers" vêm de outro universo, onde há algo de transgressor. Por mais que haja "wikihackers" pensando em virar Jobs ou Zuckerberg, quem eles admiram mesmo é Lisbeth Salander.


Com seis piercings só na cabeça e um dragão tatuado nas costas, ela é a micreira antissocial, introspectiva e malvada dos romances do sueco Stieg Larsson, autor da trilogia "Millenium" (25 milhões de livros vendidos). Salander foi magistralmente interpretada por Noomi Rapace no filme "Os homens que não amavam as mulheres".

Gótica, cerebral e emburrada, come o pão que o diabo amassou, mas seus trocos são dolorosos. Uma das desforras faz do Capitão Nascimento um pacifista. A barreira do seu individualismo só é removida quando liga o computador, com o qual faz o que quer. Ambígua até na sexualidade, Salander não é uma personagem que estimule a clonagem, mas todo hacker tem um pouco de Lisbeth.

A prosperidade dos anos 50 e a fé no poder da tecnologia ajudaram o escritor Ian Fleming a construir a figura de James Bond. O poder que a gregariedade da internet dá hoje ao individualismo criou os "wikihackers" e Lisbeth Salander. Bond deixou atrás de si alguns tiques, um modelo de pasta e mais nada. O ataque aos portais da Amazon, do Mastercard, da Visa e do PayPal ensinou a essas empresas onipotentes que atrás de cada monitor não está apenas um freguês.

Elio Gaspari

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um poema de José Régio declamado por João Villaret. 

domingo, 31 de outubro de 2010



sexta-feira, 29 de outubro de 2010







Os humanos venderam-se
afinal
não por um pão
não pelo sonho
mas por um monitor hd de televisão

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

II

Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa rapacidade
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.

VIII

Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua

Aquietá-los.

Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.

Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.

Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.

Hilda Hilst, Júbilo Memória Noviciado da Paixão, 1974

domingo, 24 de outubro de 2010

Eu queria ser a terra em que tu hás-de estar morta e branca e fria, para te envolver toda num beijo fecundo. Eça de Queiroz, na minha timeline do Facebook

Credo! 
 
Até porque na terra nunca se fica "morta, branca e fria", antes morta, terrosa e podre. 
 
Credo! Credo!

Começou por ser uma casa vazia. Portas e janelas sempre abertas. Chão e paredes de pedra. Tectos transparentes. Também a sua localização era importante. Não era uma casa fixa, circulava, ora rodeada de floresta, ora de nuvens, ora de estrelas. Era uma boa casa. Dormia no chão e nem sentia o frio da pedra. Era feliz. Amigos vinham e iam, como aves de arribação. Abraços, risos, conversas, algumas lágrimas. Era a melhor casa do mundo.
Até que um dia vieram aqueles que não partiram mais.
Começaram por pôr trancas nas portas e janelas e começaram a trazer coisas para dentro de casa. Depois, fixaram-na ao chão, com cabos de aço, para facilitarem a tarefa de acumulação e enchimento. Cobriram os tectos com placa sólida. Trouxeram raiva, amargura, frustração. E coisas, muitas coisas. Coisas sólidas, que ocupam tudo, de todos os tamanhos, côres e texturas, coisas grandes e coisas pequenas, bicudas e redondas, com e sem arestas, de formatos simples ou complexos. A paisagem desapareceu e a casa começou a encher-se do pó dos que não partiam e do envelhecer das coisas. Já nem havia espaço para as aves de arribação, que com tristeza, ainda pousavam nos beirais, de vez em quando, até que um dia deixaram de vir. A casa ficou cheia, muito cheia, e escura e triste. E a alma que vivia lá dentro, deixou de conseguir respirar e morreu, sem espaço e sem luz.


Box of Rejection, Pintura de Sytiva Sheehan, Estados Unidos

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

já não dói já não dói, ou quando dói é como uma enorme dor apertada num espaço muito pequeno e num tempo mais pequeno ainda, uma dor que já não cabe, nem no espaço, nem no tempo, nem em quem sou, nem na vida, nem sequer na morte, já não dói, breve o instante em que ainda dói, apertado o espaço em que a dor é estrangulada, grande a vida a esmagar a dor, a reduzi-la ao lixo que foi, tanto lixo. agora. só preciso de limpar todo o lixo que a dor deixou para trás. tanto lixo. tanto, tanto lixo para varrer 
 
e depois penso, o lixo que se lixe, é mais fácil fechar a porta e ir embora, os pés na água limpa, o vento que cuide do resto
 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Não resisto a partilhar. Até porque as gémeas já são adolescentes e ninguém as irá reconhecer. Acima de tudo, ri hoje a bom rir com elas com o nome que a prima deu à fotografia. Tico e Teco. Cada uma parece esconder uma noz na boca, Tico e Teco. Absolutamente deliciosas, acabadas de descer das árvores, convencidas de que ninguém viu. As nozes. Os segredos de criança. Amo-as muito.
 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

usurar
verbo intransitivo
emprestar dinheiro (ou outra coisa) exigindo juros superiores aos estabelecidos por lei; viver da usura
(De usura+-ar)

Fonte: Infopedia

Ora, e será assim tão difícil mudar a Lei?

Fotografia de Michael Blann

folhas soltas

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