as almas, os pássaros

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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011






Somos sete biliões de humanos e vivemos em sete biliões de mundos diferentes. Estamos longe do fim e do princípio. Pensamos nós. Pensamos demais. Sentimos pouco. Talvez por medo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Ordo ab chaos

Both read the Bible day and night, but 
thou read black where I read white.
William Blake












o caos é nosso filho

porque a ordem das coisas
vive na ponta de frágeis paus
mentiras insalubres e loisas
dancemos ordo ab chaos

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Não creias, Lídia que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher.


Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.


Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.


Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo. 

Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 23 de setembro de 2011




Há dias em que me sinto a sombra da falsa luz e a luz da falsa sombra.
A dualidade em mim é extrema e una.
Tudo se quebra à minha passagem.
Tudo se volta a reunir.
O que fica quebrado nunca existiu.


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um barco, um barco para esta luz!

Teresa Vale



Voltando um pouco atrás
à costura das fotografias
àquela escuridão pulmonar onde te vi
pela primeira vez onde eras
mais que certo quase cavalo
quase branco
a galope nos meus dentes.
Fotografias do tempo em que chamavas
árvore de rapina ao instrumento
que te educava os dedos.
Um dedilhar de amigo
à beira do vinhal.
Um encantar de amigo.


Se te deixasse ficar à sombra
haveria ainda as linhas da tua mão
tão irregulares tão imponderáveis
como a chuva nas boas noites.
Haveria ainda o perfume das grainhas
na primeira curva da manhã.
Era no tempo das fotografias.
Agora, dizes tu, há o orvalho dos murtais
um cesto silencioso e humano.


Nunca saberás que isso a que chamas
silêncio orvalho
eu chamo música
e toco-a.

Catarina Nunes de Almeida, in Bailias, Deriva, 2011
Desaprendeu a espera - come o pão sem saborear o sol - corta até o sol do pão com uma faca afiada - o breve sol na côdea funde-se com os dentes - corre o risco de acordar.

Desaprendeu os laços - tecla sem saborear a vida - esmaga até a vida nas teclas - a leve vida nos dedos estala no peito - corre o risco de sentir.

Desaprendeu a liberdade - vai de um ponto ao outro sem ver o céu - apaga até o céu das árvores - o céu matinal nas árvores cria pássaros - corre o risco de levantar vôo.

Desaprendeu a verdade - endivida-se por mentiras perdendo o essencial - arranca até o essencial da alma
- o essencial particular da alma grita muito - corre o risco de sofrer.

Desaprendeu o amor - só existem personagem nos monitores - cegou até para o toque - do amor do toque real nascem lágrimas - corre o risco de mudar.

e agora tudo se vai: o pão sem côdea, as teclas e os monitores, as cidades e as ruas mortas, os carros velozes, os antibióticos e os anti-depressivos, o crédito e as mentiras, et cetera, et cetera, et cetera, et cetera, et cetera, et cetera...

no final sobra silêncio

algumas pedras


Se o de esquerda é demasiado burro para governar, o de direita é demasiado estúpido. Entre um burro revolucionário e um estúpido reaccionário, prefiro o burro revolucionário, até porque o estúpido costuma ter a mania que é inteligente. O primeiro tem pelo menos no horizonte a noção de livre-pensamento, liberdade, compaixão. O segundo tem no horizonte a escravidão, a começar pela própria. Do burro pode-se esperar o caos criativo, do estúpido apenas a prisão. O que eu gostava mesmo, mesmo, era de um equilíbrio, de um consenso, de diálogo. Mas tal não é possível no actual panorama político. Entre o burro revolucionário e o estúpido reaccionário existe apenas uma massa amorfa e corrupta. Assim sendo, vou votar num novo parádeigma, a partir do qual espero uma nova realidade venha ao ser.

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta


Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício


Como a voz do mar
Interior de um povo


Como página em branco
Onde o poema emerge


Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

 




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