as almas, os pássaros

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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

E fez-se luz na minha cabeça! (E esta nota é minha).

A duração, seja os séculos para as civilizações, seja os anos e as dezenas de anos para o indivíduo, tem uma função darwiniana de eliminação do inapto. O que está apto para tudo é eterno. É apenas nisto que reside o valor daquilo a que chamamos a experiência. Mas a mentira é uma armadura com a qual o homem, muitas vezes, permite ao inapto que existe em si sobreviver aos acontecimentos que, sem essa armadura, o aniquilariam (bem como ao orgulho para sobreviver às humilhações), e esta armadura é como que segregada pelo inapto para prevenir uma situação de perigo (o orgulho, perante a humilhação, adensa a ilusão interior). Subsiste na alma uma espécie de fagocitose; tudo o que é ameaçado pelo tempo, para não morrer, segrega a mentira e, proporcionalmente, o perigo de morte. É por isso que não existe amor pela verdade sem uma admissão ilimitada da morte. A cruz de Cristo é a única porta do conhecimento.

Simone Weil, in A Gravidade e a Graça


A música, tal como os livros, a vela, a fotografia, a pintura, é um dos outros amores eternos da minha vida. Uma das primeiras músicas que posto aqui é dos The Verve, porque é preciso quebrar o nosso próprio molde e é isso mesmo que faço em cada novo ciclo, até ao dia em que me cresçam asas.




'Cause it's a bittersweet symphony, this life
Try to make ends meet
You're a slave to money then you die
I'll take you down the only road I've ever been down
You know the one that takes you to the places
where all the veins meet yeah,


No change, I can change
I can change, I can change
But I'm here in my mold
I am here in my mold
But I'm a million different people
from one day to the next
I can't change my mold
No, no, no, no, no


Well I never pray
But tonight I'm on my knees yeah
I need to hear some sounds that recognize the pain in me, yeah
I let the melody shine, let it cleanse my mind, I feel free now
But the airways are clean and there's nobody singing to me now


No change, I can change
I can change, I can change
But I'm here in my mold
I am here in my mold
And I'm a million different people
from one day to the next
I can't change my mold
No, no, no, no, no
I can't change
I can't change


'Cause it's a bittersweet symphony, this life
Try to make ends meet
Try to find some money then you die
I'll take you down the only road I've ever been down
You know the one that takes you to the places
where all the things meet yeah


You know I can change, I can change
I can change, I can change
But I'm here in my mold
I am here in my mold
And I'm a million different people
from one day to the next
I can't change my mold
No, no, no, no, no


I can't change my mold
no, no, no, no, no,
I can't change
Can't change my body,
no, no, no


I'll take you down the only road I've ever been down
I'll take you down the only road I've ever been down
Been down
Ever been down
Ever been down
Ever been down
Ever been down
Have you ever been down?
Have you've ever been down?





Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.

Carl Sagan


Artigo escrito por Vera Filizzola e originalmente reproduzido no site Jornal Infinito.

"Por outras palavras: as pessoas intuem uma forma de inteligência que, no passado, organizou o universo, e a personalizam chamando-a Deus”.
David Bohm

“Poderíamos imaginar o místico como alguém em contacto com as espantosas profundezas da matéria ou da mente subtil, não importa o nome que lhes atribuamos”.
David Bohm

Nesta série não poderia faltar a presença de David Bohm, uma combinação rara de cientista filósofo e a sua teoria sobre a origem da vida, da realidade, do universo visível e ... mais além.

David Bohm foi considerado um dos maiores físicos especulativos do mundo e um dos teóricos mais influentes da física moderna. Seu primeiro livro (1957) “Casualidade e Acaso na Física Moderna”, tornou-se um clássico no campo da mecânica quântica e é utilizado profusamente em universidades de todo o mundo. Bohm foi aluno de J. Robert Oppenheimer e durante a Segunda Guerra Mundial estudou os efeitos do plasma nos campos magnéticos. Juntamente com outros cientistas – “chegou a uma teoria que desempenha papel importante nos estudos da fusão – fenómeno hoje conhecido como “difusão Bohm”.

Nos últimos anos da sua vida o cientista dedicava-se ao estudo dos fundamentos da teoria quântica e da relatividade, bem como à sua significação filosófica, incluindo as pesquisas feitas no Lawrence Radiation Laboratory, em Berleley.

Pesquisando a natureza da consciência, devido aos problemas que encontrou na mecânica quântica, Bohm descobriu Krishnamurti, o grande filósofo hindu, com que atou uma forte amizade. Juntos, promoveram palestras e debates sobre assuntos importantes e que depois foram publicados em livros.

A exemplo de Fritz Kunz, David Bohm é um dos pouquíssimos cientistas que “por intermédio da ciência” percebeu um universo de verdade, beleza, significação e até bondade, tornando essa percepção convincentemente viva para os demais.

A sua teoria da Ordem Implícita emergiu dos estudos do cientista sobre as variáveis ocultas e a interpretação superficial da mecânica quântica – propondo que uma ordem oculta actua sob o aparente caos e falta de continuidade das partículas individuais de matéria descritas pela mecânica quântica. Bohm, a exemplo de Einstein, mas por razões diferentes, nunca aceitou as interpretações correntes da teoria quântica.

A Teoria da Ordem Implícita
exposta por David Bohm

A ideia básica da ordem implícita: “Em geral, a totalidade da ordem abrangente não se pode tornar manifesta para nós; somente um certo aspecto dela se manifesta. Quando trazemos essa ordem abrangente para o aspecto manifesto, temos uma experiência de percepção. Mas isso não quer dizer que a totalidade da ordem seja apenas aquilo que se manifesta. Na visão cartesiana, a totalidade da ordem, pelo menos potencialmente, é manifesta, embora não saibamos como manifestá-la por nós mesmos. Precisaríamos de microscópios, telescópios e outros instrumentos mais”.

A sugestão básica da teoria de Bohm, de início, é a de que vivemos num mundo multidimensional e a nossa moradia está situada no nível mais óbvio e superficial: o mundo tridimensional dos objetos, espaço-tempo, ou seja, na Ordem Explícita. Neste nível, explica Bohm, “a matéria é de graduação densa e embora possa ser descrita em relação a si mesma, não é a essa a maneira de a explicar e entender com clareza. Infelizmente, é nesse nível que muitos físicos trabalham hoje em dia, apresentando as suas descobertas sob a forma de equação de significado obscuro”.

Então, o que fazer? Bohm indica o caminho: avançar para um nível mais profundo: para a – Ordem Implícita – a fonte e o fundo abrangente de toda a nossa experiência física, psicológica e espiritual. Esta fonte está situada numa dimensão de extrema subtileza, ou seja, na Ordem Superimplícita. E não termina aí, além dela pode-se postular muitas ordens semelhantes “mergulhando numa fonte ou esfera infinita –n-dimensional”.

A filósofa Renèe Weer perguntou a Bohm em entrevista, se isso ocorreria como na teoria de campo de Einstein. Bohm respondeu: “Na ordem implícita, não somente lidamos sempre com o todo (como faz a teoria de campo), mas também dizemos que as conexões do todo nada têm a ver com a localização no espaço e no tempo, mas com uma qualidade inteiramente diversa, denominada abrangência”. A filósofa e entrevistadora pediu maiores explicações: por outras palavras, o importante é a inexistência de locais de cruzamento ou travessia?, perguntou ela. A resposta de Bohm: “Nos modelos antigos, ou uma partícula cruza um lugar, ou uma força ou campo de energia cruza esse lugar; portanto, do ponto de vista da ordem implícita, não vemos distinção fundamental entre Einstein e Newton. Dizemos que são diferentes, mas ambos diferem na mesma medida da ordem implícita”.

O Holomovimento

Ao fundo vasto e dinâmico desta teoria, Bohm chamou –Holomovimento. Segundo Bohm, o holomovimento está situado na esfera do que é manifesto. O movimento básico do holomovimento é o recolhimento e o desdobramento.

“Afirmo que toda a existência é, basicamente, um holomovimento que se manifesta numa forma relativa ente estável”.

Bohm explica que o fluxo está, pelo menos, numa condição de equilíbrio “fechando-se como vórtice que se fecha sobre si mesmo, embora continue a mover-se”.

A entrevistadora quer saber mais – “O senhor disse que essas seriam formas mais densas de matéria e não mais subtis ou menos estáveis”.

Bohm: “Digamos que são formas mais estáveis de matéria. Veja, até a nuvem conserva uma forma estável, de modo a ser vista como uma manifestação do movimento do vento. Da mesma maneira, a matéria como que formaria nuvens no interior do holomovimento e elas manifestariam o holomovimento aos nossos sentidos e pensamentos comuns”.

Seriam todas as entidades e... nós mesmos, com todas as nossas faculdades, formas do holomovimento?

Bohm: “Sim, e também as células, os átomos. Acrescento que isso começa a favorecer a compreensão da mecânica quântica: esse desdobramento constitui uma ideia directa do que é entendido pela matemática da mecânica quântica. Estamos a falar precisamente sobre o que chamamos transformação unitária ou descrição matemática básica do movimento na mecânica quântica. Trata-se simplesmente da descrição matemática do holomovimento”.

Relação entre o Holomovimento e a Matemática da Moderna Teoria Quântica

Bohm: “A matemática moderna da teoria quântica considera a partícula como um estado quantizado do campo, Istoé, um campo espalhado no espaço, mas, de alguma forma misteriosa, dotado de um “quantum” de energia. Cada onda do campo apresenta um certo “quantum” de energia proporcional à sua frequência. Considerando-se o campo electromagnético no espaço vazio, por exemplo, verá que cada ponto possui aquilo que se chama energia em ponto zero, abaixo do qual não pode descer, mesmo não havendo energia disponível. Se se pudesse juntar todas as ondas numa região qualquer, descobriria que estão dotadas de uma quantidade infinita de energia já que é possível um número infinito de ondas. Entretanto, talvez estejamos certos ao supor que a energia não pode ser infinita, que não é possível continuar adicionando infinitamente ondas cada vez mais curtas, cada qual contribuindo para a energia. Deverá haver uma onda de comprimento mínimo, caso em que o número total de ondas saia finito, como finita também seria a energia.

Qual seria o comprimento mínimo? Parece existir razão para suspeitar que a teoria gravitacional será capaz de proporcioná-lo, de acordo com a relatividade geral, o campo gravitacional também determina a significação de “comprimento” e mensuração. Quando afirmamos que o campo gravitacional é constituído de ondas quantizadas dessa forma, descobre-se que existe um determinado comprimento abaixo do qual o campo gravitacional se tornaria indefinível em virtude do movimento em ponto zero; não se poderia, então, definir o comprimento. Assim, pode-se afirmar que a propriedade da mensuração, o comprimento, desaparece a curtas distâncias, num local em torno de 10‾33 cms. É uma distância bem pequena, pois as distâncias mais curtas que os físicos demonstraram são de 10‾16 cms, mais ou menos, ou seja, um longo caminho a percorrer. Caso se avaliasse a quantidade de energia no espaço, com essa onda de comprimento mínimo, concluir-se-ia que a energia existente num centímetro cúbico ultrapassa de muito a energia total da matéria conhecida no universo.

Como entender tal coisa?

Assim: a teoria moderna afirma que o vácuo contém toda a energia até então ignorada (pelos físicos) por não poder ser medida por instrumentos. Ora, nos termos da filosofia, apenas o que pode ser medido por instrumentos dever ser considerado real, em que pese o facto de alguns físicos informarem a existência de partículas absolutamente não-mensuráveis por qualquer instrumento. Só o que se pode dizer é que o actual estágio da física teórica implica a aceitação de que o espaço vazio possui essa energia, sendo a matéria tão somente um pequenino desdobramento dela. Assim, a matéria não passa de uma minúscula onda nesse portentoso oceano de energia, embora dotada de relativa estabilidade e revestida de caráter manifesto. Adianto, pois, que a ordem implícita aponta para uma realidade que ultrapassa de muito aquilo que denominamos matéria. A matéria é apenas uma ondazinha nesse contexto... Nesse oceano de energia, precisamente, que não está primordialmente no tempo e no espaço, mas na ordem implícita... Não manifesta. E pode manifestar-se nessa pequenina porção de matéria... Supõe-se que a fonte última é imensurável, fora do alcance de nosso conhecimento. São estes os termos da física contemporânea.

Bohm faz uma importante descoberta , esclarecendo como a energia que emana do Todo, da ordem implícita, pode assumir aspectos diferentes em indivíduos diferentes. Ele esclarece as dúvidas dizendo que “o todo é enriquecido pela introdução da diversidade e pela realização da unidade da diversidade... A individualidade só é possível enquanto desdobramento do todo."

Seria ela, então, um egocentrismo?

O cientista-filósofo afirma que o egocentrismo não pode ser confundido com individualidade, o primeiro é baseado na auto-imagem, um erro, uma ilusão. A segunda desdobra-se a partir do todo de maneira particular e num momento particular.

A Evolução

A natureza, sob determinados aspectos, cria através da evolução. Bohm já havia manifestado, na sua teoria, assertivas muito originais como: “somos capazes de ordenar o que fazemos, podemos desempenhar um papel funcional na produção de uma ordem superior, que seria inviável sem nós. Não apenas a modificamos levemente, mas, principalmente, embora provoquemos minúsculas mudanças no todo, isso é crucial para que essa ordem possa transformar-se em algo novo, capaz de pôr em ação o seu potencial... Somos parte do movimento, não há separação entre nós e ele; somos parte da maneira com que se molda a si próprio”.

O Génesis – A Criação do Universo

“A idéia actual do universo pode representar algum estágio de um universo maior, um universo de luz. Até onde podemos perceber, esse universo de luz é eterno. Entretanto, a certa altura, alguns desses raios luminosos se juntaram e produziram a grande explosão – o Big-Bang. Isso desencadeou o nosso universo, que também terá um fim”.

O cientista especifica onde está situado este universo luminoso – além do tempo – o que pode significar que existam outros universos além do nosso, com várias idades, várias eternidades, e necessariamente, não serão sucessivos.

Descartes, na física, vê o movimento como sendo uma entidade ou qualquer coisa que se mova de um ponto a outro. O holomovimento de Bohm não concorda com o pensamento cartesiano, o seu holomovimento é manifestação e não-manifestação. Nele, a ordem implícita se torna manifesta e não-manifesta e assim por diante.

O Universo Pensa? Criação e Seleção

"Sendo a ordem explícita – o universo de luz – a fonte de toda a manifestação, podemos supor que, talvez, o universo pensa... O universo tenta uma variedade de formas. A selecção natural explica como as coisas sobrevivem depois da sua emergência ou aparição, mas não explica porque tantas formas surgiram. Parece existir uma tendência em produzir formas e estruturas, sendo a sobrevivência ou selecção natural um mero mecanismo que escolhe as formas destinadas a durar. Toda a forma incompatível consigo mesma ou com o meio ambiente está fadada ao desaparecimento. Penso que o universo aprende”.

A Produção de Formas

Bohm: A semente: energia e nutrientes vêm do sol, doar, da terra, da água e do vento, mas a própria semente tem pouquíssima energia. No entanto, possui a forma da planta e essa minúscula energia ou forma se imprime em todos os outros factores para produzir a planta. Essa pitada de energia governa, de algum modo, o desenvolvimento subsequente, de modo que o sistema inteiro se destina à produção de uma planta e não de um cão, de um gato ou de outra coisa qualquer... Pensamento e matéria são ordens muito parecidas. Podemos dizer que a natureza ou a matéria também é criatividade e pensamento intuitivo. Assim, num certo sentido, a natureza tem vida. E inteligência. Ela é mental e material, como nós. Se alguém é percebido como inimigo, a matéria se organiza de maneira diferente do que o faria caso se tratasse da percepção de alguém amistoso. O eléctrão faz praticamente o mesmo que nós, ao reagir a determinada situação. Ele observa o ambiente.

O Que Seria a Matéria para Bohm?

Bohm, falando sobre a metáfora existente no misticismo: iluminado, iluminação, fez-se a luz - chega a uma conclusão muito importante sobre a origem da matéria à luz da física moderna.
Bohm: “Quando um objeto se aproxima da velocidade da luz, segundo a relatividade, seu espaço interno e seu tempo interno mudam; o relógio se atrasa em relação a outras velocidades e a distância é encurtada. Descobre-se que as duas extremidades do raio luminoso não guardam tempo ou distância entre si, representando consequentemente um contacto imediato (esclarecido pelo físico G. N. Lewis nos anos 20). No ponto de vista da moderna teoria de campo, os campos fundamentais são os dotados de energia superior, em que a massa pode ser negligenciada; eles poderiam mover-se à velocidade da luz. A massa é um fenómeno originado da ligação dos raios luminosos no seu avanço e recuo, uma espécie de consolidação num dado esquema. Então, é como se a matéria fosse luz consolidada, congelada. A matéria não se constitui apenas de ondas electromagnéticas, mas, num certo sentido, de outros tipos de ondas que avançam à mesma velocidade. Portanto, toda a matéria é condensação de luz em esquemas que avançam e recuam a velocidades médias, inferiores à da luz. O próprio Einstein teve vislumbres dessa ideia. Diríamos que vir à luz, significa assumir a actividade fundamental onde a existência se embasa, ou, pelo menos, aproximar-se disso”.
“A luz é o meio através do qual o universo inteiro se concentra em si mesmo... É uma condição real, pelo menos no quadro da física... A luz é energia, informação. Conteúdo, forma e estrutura. É o potencial de tudo”.

David Bohm preocupou-se com o tema da “consciência” e o fez de uma forma tão magistral que, resguardando-se a essência da sua interpretação, segundo a sua teoria, o neurofisiologista Antonio Damásio teve nele um precursor de monta: Bohm acreditava na consciência como não apartada da matéria e do processo neurofisiológico. Muitos dos leitores estarão curiosos em saber o que os colegas de David Bohm, os cientistas da física, pensariam sobre toda esta teoria que reunimos aqui.

Bohm: ...”A física moderna não passa de um sistema destinado a computar e fornecer resultados empíricos. De fato, considero que toda a idéia nova deve pressupor o livre jogo da mente, sem demasiada consideração pelos resultados empíricos”.

Perguntado se os físicos convencionais aceitariam a sua teoria, Bohm respondeu – Eles já aceitaram, mas acrescentou também que eles diziam-lhe o seguinte: “Para que serve? Não produz nada diferente daquilo que já fizemos. Só nos interessam resultados empíricos. – Levá-la-emos em consideração quando começar a fazê-lo, levaremos tudo em consideração”.

O físico lamentou então “um dos erros da ciência”, também os estendendo à nossa sociedade: “O resultado empírico como principal objetivo é o que apresenta como verdade, desde que tenha por trás de si argumento lógico-matemático”.

Consensos

“O electrão “observa”, “presta atenção”, reúne informação a nosso respeito, a respeito do universo inteiro. Apreende o universo e responde de acordo com essa apreensão. Portanto, num sentido literal: ele observa”.

“O ensino da física decaiu muito; foi se tornando cada vez mais dogmático e mecânico, o que é lamentável. Todas as questões candentes dos anos 30 se desvaneceram completamente. O que se faz hoje é apresentar fórmulas aos estudantes e declarar: “Isso é a mecânica quântica”. E assim a nova geração vai escrevendo livros sem uma base sólida, esquecendo as profundas questões filosóficas que sempre foram o sustentáculo da abordagem total da física”.

“Observando a natureza, veremos que formas elaboradas e complexas não podem ser explicadas pela mera exigência da sobrevivência. Se nossa noção de tempo postula a criatividade de cada momento, então, a todo o momento, é possível que surjam novas estruturas, coexistindo com algumas antigas. Podemos então dizer que a natureza está constantemente explorando novas estruturas de maneira intencional, e, quando estas se mostram capazes de sobreviver (mediante processo de reprodução), tomam corpo e se tornam estáveis”.

“Antes da grande explosão – Big-Bang – não existiam moléculas, quarks e átomos, segundo declara a física moderna. Se pois afirmamos que havia leis fixas e imutáveis que regiam moléculas e átomos, o que acrescentaremos se remontarmos ao tempo onde eles sequer existiam? A física nada tem a dizer sobre isto. Só pode declarar que, num determinado estágio, essas partículas se formaram. Portanto, deve ter havido um desenvolvimento real em que a necessidade se fixou mais e mais num determinado campo. Vê-se isso quando se esfria uma substância que se liquefaz: primeiro aparecem grumos líquidos transientes, que depois vão se consolidando. Os físicos explicam isso alegando que as leis das moléculas são eternas; as moléculas são meras conseqüências dessas leis, meras derivações delas”.

Recuando no tempo perguntamos: “Onde estavam as moléculas? A resposta é: Bem originalmente, protões e electrões, que eram originalmente quarks, que eram originalmente subquarks... E chegamos ao estágio em que nenhuma dessas unidades existia e no qual esse esquema todo se esfuma! Pode-se então dizer que, em geral, os campos de necessidade não são eternos: estão constantemente se formando e desenvolvendo”.

“Além de clara e profunda, a teoria de Bohm tem o mérito de poder ser considerada a primeira, em todos os tempos, a revelar e provar no plano científico, algumas verdades seculares que até então podiam apenas ser aceitas e compreendidas pela fé”.

Eduardo C. Borgonovi.

Bibliografia:
· Diálogos com Cientistas e Sábios –Renèe Weber ed. Cultrix
· O livro das Revelações – Eduardo Castor Borgonovi – ed. Alegro
· Krishnamurti, & D. Bohm – Truth and Actuality – Victor Gollanez Ltd.
· A Totalidade e a Ordem Implicada – David Bohm – São Paulo – Cultrix.


A amizade é regida pelo mesmo mecanismo que o amor, é instantânea e absoluta.

Fonte: Conversas com António Lobo Antunes, de María Luisa Blanco, 2002


 





A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível mas porque se compõe, em essência, de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de autovalorização, de tal modo que a alma, dividida, fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade.
Que eu saiba, o único invejoso assumido da literatura universal é O Sobrinho de Rameau, de Diderot, personagem caricato demais para ser real. Mesmo O Homem do Subterrâneo de Dostoiévski só se exprime no papel porque acredita que não será lido. A gente confessa ódio, humilhação, medo, ciúme, tristeza, cobiça. Inveja, nunca. A inveja admitida se anularia no ato, transmutando-se em competição franca ou em desistência resignada. A inveja é o único sentimento que se alimenta de sua própria ocultação.
O homem torna-se invejoso quando desiste intimamente dos bens que cobiçava, por acreditar, em segredo, que não os merece. O que lhe dói não é a falta dos bens, mas do mérito. Daí sua compulsão de depreciar esses bens, de destruí-los ou de substituí-los por simulacros miseráveis, fingindo julgá-los mais valiosos que os originais. É precisamente nas dissimulações que a inveja se revela da maneira mais clara.
As formas de dissimulação são muitas, mas a inveja essencial, primordial, tem por objeto os bens espirituais, porque são mais abstratos e impalpáveis, mais aptos a despertar no invejoso aquele sentimento de exclusão irremediável que faz dele, em vida, um condenado do inferno. Riqueza material e poder mundano nunca são tão distantes, tão incompreensíveis, quanto a amizade de Abel com Deus, que leva Caim ao desespero, ou o misterioso dom do gênio criador, que humilha as inteligências medíocres mesmo quando bem sucedidas social e economicamente. Por trás da inveja vulgar há sempre inveja espiritual.
Mas a inveja espiritual muda de motivo conforme os tempos. A época moderna, explica Lionel Trilling em Beyond Culture (1964), "é a primeira em que muitos homens aspiram a altas realizações nas artes e, na sua frustração, formam uma classe despossuída, um proletariado do espírito."
Para novos motivos, novas dissimulações. O "proletariado do espírito" é, como já observava Otto Maria Carpeaux (A Cinza do Purgatório, 1943), a classe revolucionária por excelência. Desde a Revolução Francesa, os movimentos ideológicos de massa sempre recrutaram o grosso de seus líderes da multidão dos semi-intelectuais ressentidos. Afastados do trabalho manual pela instrução que receberam, separados da realização nas letras e nas artes pela sua mediocridade endêmica, que lhes restava? A revolta. Mas uma revolta em nome da inépcia se autodesmoralizaria no ato. O único que a confessou, com candura suicida, foi justamente o "sobrinho de Rameau". Como que advertidos por essa cruel caricatura, os demais notaram que era preciso a camuflagem de um pretexto nobre. Para isso serviram os pobres e oprimidos. A facilidade com que todo revolucionário derrama lágrimas de piedade por eles enquanto luta contra o establishment, passando a oprimi-los tão logo sobe ao poder, só se explica pelo fato de que não era o sofrimento material deles que o comovia, mas apenas o seu próprio sofrimento psíquico. O direito dos pobres é a poção alucinógena com que o intelectual ativista se inebria de ilusões quanto aos motivos da sua conduta. E é o próprio drama interior da inveja espiritual que dá ao seu discurso aquela hipnótica intensidade emocional que W. B. Yeats notava nos apóstolos do pior (v. "The Second Coming" e "The Leaders of the Crowd" em Michael Robartes and The Dancer, 1921). Nenhum sentimento autêntico se expressa com furor comparável ao da encenação histérica.
Por ironia, o que deu origem ao grand guignol das revoluções modernas não foi a exclusão, mas a inclusão: foi quando as portas das atividades culturais superiores se abriram para as massas de classe média e pobre que, fatalmente, o número de frustrados das letras se multiplicou por milhões.
A "rebelião das massas" a que se referia José Ortega y Gasset (La Rebelión de las Masas, 1928) consistia precisamente nisso: não na ascensão dos pobres à cultura superior, mas na concomitante impossibilidade de democratizar o gênio. A inveja resultante gerava ódio aos próprios bens recém-conquistados, que pareciam tanto mais inacessíveis às almas quanto mais democratizados no mundo: daí o clamor geral contra a "cultura de elite", justamente no momento em que ela já não era privilégio da elite.
Ortega, de maneira tão injusta quanto compreensível, foi por isso acusado de elitista. Mas Eric Hoffer, operário elevado por mérito próprio ao nível de grande intelectual, também escreveu páginas penetrantes sobre a psicologia dos ativistas, "pseudo-intelectuais tagarelas e cheios de pose... Vivendo vidas estéreis e inúteis, não possuem autoconfiança e auto-respeito, e anseiam pela ilusão de peso e importância." (The Ordeal of Change, 1952).
Por isso, leitores, não estranhem quando virem, na liderança dos "movimentos sociais", cidadãos de classe média e alta diplomados pelas universidades mais caras, como é o caso aliás do próprio sr. João Pedro Stedile, economista da PUC-RS. Se esses movimentos fossem autenticamente de pobres, eles se contentariam com o atendimento de suas reivindicações nominais: um pedaço de terra, uma casa, ferramentas de trabalho. Mas o vazio no coração do intelectual ativista, o buraco negro da inveja espiritual, é tão profundo quanto o abismo do inferno. Nem o mundo inteiro pode preenchê-lo. Por isso a demanda razoável dos bens mais simples da vida, esperança inicial da massa dos liderados, acaba sempre se ampliando, por iniciativa dos líderes, na exigência louca de uma transformação total da realidade, de uma mutação revolucionária do mundo. E, no caos da revolução, as esperanças dos pobres acabam sempre sacrificadas à glória dos intelectuais ativistas.


Olavo de Carvalho
Folha de S. Paulo, 26 de agosto de 2003





Luz mar
Azul verde branco e dourado
Sensibilidade bom-senso paz e amor







Gratidão
Pelas mães e pelos pais. Pelas crianças. Pelo sol, pelo mar, pela luz. Pelas dunas e pelo vento. Pelas aves no céu, as abelhas, joaninhas e borboletas. Pelas árvores e pelos frutos. Pelas espigas e pelo pão. Pelos cães. Pelas casas, pelos jardins, pela chuva, pelas nuvens. Pelas estradas poeirentas, pelos momentos de liberdade, pelos livros e pela música. Pelas estrelas, pelos tigres, pelos pandas, pelos bambus. Pelas flores e pelos rios e pela erva e pelas pedras. Pelo conhecimento global e pela partilha. Pelos aromas e pelas especiarias. Pelas montanhas. Por existir, por respirar, por amar, por conhecer, pela alegria e pelo riso. Pelos momentos de amizade. Pelas conversas preguiçosas. Pela cor e pelo som. Pela lua e pelos desertos.

Eu sou Nós, 
sou parte de um tudo, sou a chama que ainda não ardeu e as asas que não voaram e a espuma que não rebentou na praia e os olhos da águia que não foram. Sou a estrela que já implodiu e a chuva que já caiu e o vento que já soprou e a abelha que já morreu. Sou a terra e o mar e a árvore, sou a pedra na areia e também sou o pombo envenenado que se curou e o lince extinto que renasceu e o dinossauro e a formiga e um diamante na rocha. Eu sou agora a paz no mundo, o pão infinito, a energia ilimitada para todos. Eu sou a beleza, a calma, o carinho, a cura e o bem-estar. A renovação e a ciência e a pergunta e a resposta. Eu sou a água que vai ficar limpa, os oceanos renovados, a atmosfera pura, o magnetismo, a lua e o equilíbrio da terra e a guardiã dos animais e das plantas. A ética, a generosidade e o amor. Não sou o fim do petróleo, mas sou o despertar do espírito na matéria. Eu sou o abandonar das armas em todos os continentes e ilhas da Terra. Eu sou a liberdade de pensamento e de acção. Energia pura, música e pó de estrelas, asas e vento. Eu sou o anjo que neutralizou os demónios, a que veio do pó para iluminar o mundo.

E tu também.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023


incomensurável

adjectivo uniforme
1. que não se pode medir
2. que não tem medida comum com outro ou outros objectos
3. imenso; enorme

nome masculino

MATEMÁTICA antiga designação de número irracional

(Do lat. med. incommensurabìle-, «id.»)

Fonte: Infopedia

F

Não é necessário que algo aconteça para ser verdade. Lendas e sonhos são as verdades-sombra que sobrevivem quando os simples factos são pó e cinzas, e esquecidos.


Neil Gaiman in Sandman



It may be an infinity.

Infinities are weird things. You tend to think of them as something big. But a property of an infinity if you add 1 to it, or even add another infinity to it - it doesn’t change. Another name for something that doesn’t change is a constant. So an infinity won’t be big or small, just an unchanging part of our reality.

It must be so because our minds are almost certainly discrete, finite things. We can only make finite changes, we can only distinguish between many states. Whatever we do, we can’t change an infinity. So if there is an infinity that is a fundamental part of our universe - how do we observe it?

As far as I know nothing in physics has turned out to be infinite. (I heard it put another way by a physicist once - real numbers exist only in the minds of men and are thus decidedly unreal.) Certainly space and time aren’t infinite in the usual sense - they had beginnings, and we observe their passage, watch them change. The lack of infinities is not so obvious looking at big things, but there is a related concept that accompanies every infinity - the infinitesimal. Infinitesimal implies you can keep chopping things up indefinitely which of course you can do to an infinity. In our observable universe there are no infinitesimals - as far as I know everything has its plank limit, which is why you don’t need reals. Everything physics measures is made of discrete changes, and our discrete finite minds build those changes up into what we perceive as our finite reality.

A similar statement is quantum field theory says we are just a collection of mostly standing but ever changing waves. As I understand it, it’s the best description of our universe we have. But do you see the problem? It has that word “change” in there. And needing constant change implies it is blind to infinities. It is just the sort of blindness you might expect a theory thought up finite minds to have.

But that equally, nothing I’ve seen in physics prohibits an infinity lying at the heart of our universe. It just means our finite minds haven’t observed it (which is hardly a surprise). To us, it is just there - a constant. If this constant is producing things like vacuum energy then questions like “where did it come from” become meaningless.

That doesn’t mean an infinity or a universe that has an infinity at its core is unknowable to us. While infinities are, well, infinite and thus in some sense unknowable, their behaviour is most definitely not. Our finite brains, or at least those of some mathematicians, have mapped out what they do and how they behave fairly well. Not perfectly - we aren’t entirely sure how many there are for example. (Well, we know there are infinitely many of them as we can take the power set of an infinitely to make a new one - but we may be able to make infinitely more than that if you need a smaller gun than a power set, and needing something smaller is the currently favoured conjecture.) But then the similar things could be said for primes. I’d say humans have both fairly well tamed.

The point is saying there is an infinitely lurking, hidden under the maths driving our physics is not at all the same as saying there is a god. No one can claim to tame a god, yet our maths has mostly tamed infinities. We can understand this. The problem is, if there is an infinity generating the universe as we see it, the physicists haven’t found it.

By the by, Penrose’s recurring universe looks decidedly finite to me. If it’s infinite, why are we observing part of the cycle as a change? If the infinity is there, it’s going to run deeper than that.

***

Pode ser uma infinitude. 

As infinitudes são coisas estranhas. Tendemos a pensar nelas como algo de grande. Mas uma propriedade de uma infinitude se se adicionar 1, ou mesmo se se adicionar outra infinitude - é que não muda. Outro nome para algo que não muda é uma constante. Portanto uma infinitude não será grande ou pequena, só uma parte inalterável da nossa realidade.

Deve ser assim porque as nossa mentes são quase certamente coisas discretas, finitas.  Só conseguimos fazer mudanças finitas, só conseguimos distinguir entre muitos estados. O que quer que façamos, não conseguimos mudar uma infinitude. Por isso, se houver uma infinitude que seja uma parte fundamental do nosso Universo - como é que a observamos?

Tanto quanto sei nada na física se revelou infinito. (Um dia ouvi um físico colocar isto de outra forma - os números reais existem apenas nas mentes dos homens e, por isso, são decididamente irreais.) Certamente que o espaço e o tempo não são infinitos no sentido usual - tiveram um início e observamos a sua passagem, vemo-los mudar. A falta de infinitos não é tão óbvia quando olhamos para as grandes coisas, mas existe um conceito relacionado que acompanha cada infinitude - o infinitesimal. Infinitesimal implica que podemos continuar a dividir as coisas indefinidamente, o que, claro, podemos fazer com uma infinitude. No nosso universo observável não existem infinitesimais - tanto quanto sei tudo tem o seu limite de Planck, razão pelo qual não precisamos de (números) reais. Tudo o que a física mede é feito de discretas mudanças e as nossas mentes discretas e finitas adicionam essas mudanças àquilo que percebemos como a nossa realidade finita.

Acontece algo de similar na teoria do campo quântico, que diz que somos apenas uma colecção de ondas em grande parte permanentes mas em constante mudança. Assim como o entendo, esta é a melhor descrição que temos do nosso Universo. Mas conseguem perceber o problema? A afirmação contém essa palavra "mudança". E a necessidade de mudança constante implica que é cega às infinitudes. É exactamente o tipo de cegueira que se pode esperar de uma teoria pensada por mentes finitas.

Mas da mesma forma nada do que vi em física proíbe uma infinitude de existir no coração do nosso universo. Significa apenas que as nossas mentes finitas ainda não a observaram (o que dificilmente nos surpreende). Para nós, está simplesmente ali - uma constante. Se esta constante produz coisas como energia de vácuo, então perguntas como "de onde veio isso" perdem o sentido.

Isso não significa que uma infinitude ou um universo que contenha uma infinitude no seu núcleo seja irreconhecível por nós. Enquanto que as infinitudes são, bem, infinitas e portanto de certa forma irreconhecíveis, o seu comportamento definitivamente não o é. Os nossos cérebros finitos, ou pelo menos alguns matemáticos, mapearam bastante bem o que fazem e como se comportam. Não de forma perfeita - não temos a certeza absoluta de quantas existem, por exemplo. (...)

Dizer que existe uma infinitude à espreita, escondida entre a matemática que impulsiona a nossa física, não é de todo a mesma coisa que dizer que existe um deus. Ninguém pode afirmar ter dominado um deus, no entanto a nossa matemática já quase que domina as infinitudes. Conseguimos compreender isto. O problema é, se existe uma infinitude que gera o universo da forma como o observamos, os físicos ainda não a encontraram.

E já agora, o universo recorrente de Penrose parece-me decididamente finito. Se é infinito, porque observamos parte do ciclo como uma mudança? Se a infinitude estiver lá, será com certeza mais complicado (de resolver).

Russell Stuart, nos comentários

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Resolver reabrir este blog numa altura em que a blogoesfera da escrita está assim como que defunta, parece uma causa perdida. Muitos trocaram a intimidade e civilidade dos blogs de escrita pelo ruído e incivilidade das redes sociais. Alguns dos meus escritores e poetas preferidos fecharam os blogs e desapareceram para parte incerta. Outros ainda estão por aí, soltos. E eu voltei. Voltei para aqui, para o silêncio, como quem regressa ao deserto ou zarpa do porto em direção ao mar. Talvez me cruze com outros pelo caminho, talvez não. A solidão não me assusta.
A minha passagem pelas redes sociais foi curta, não suporto o barulho incessante, o cheiro do medo, o vazio das mentiras. Prefiro as ondas do deserto ou do mar, este silêncio, esta paz. Virei as costas e (de)sandei. Seja o que for, a partir de agora, este meu caminho, aqui posso respirar. Talvez termine alguns dos meus contos, talvez não. Quando estamos sózinhos no deserto ou no mar, não vale a pensa pensar o que está para além das dunas ou ondas, apenas interessa o ar limpo, a imensidão e a o re-despertar de todas as possibilidades. Que seja páscoa todos os dias.


folhas soltas

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