Toda a terra tem pólen. Flor de laranjeira, flor de limoeiro. A água silencia os corvos por breves dias e breves noites. Toda a terra cheira a vida e a morte. A terra não conhece a diferença, na terra os sons alternam-se com o silêncio, o movimento com a quietude, a água com o deserto. A chuva lava e hoje à tarde houve um concerto de pássaros, pareciam violinos ou os violinos são pássaros nas tardes sombrias de água. Ouço todo este silêncio perfumado e sinto em mim esta gratidão que tudo perdoa, como um sorriso imenso de reconciliação com a vida e a morte, a morte e a vida, o cheiro doce a cadáveres frescos e flores de citrinos da terra.
Onde morre o animal, nasce a árvore. Onde morre a árvore, nasce a chuva. Onde morre a respiração, nasce o sol. Num ciclo sem fim.
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