as almas, os pássaros

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Agostinho da Silva disse: "É preciso baralhar e dar de novo." 

Dar de novo e dar novo. Ir buscar um novo. Baralho. De flores. Podem ser flores com chamas.

 

 


 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Hoje, passada a madrugada, continuei o dia com a minha parte mais sombria; soltaram-se-me as minhas recordações, presentes, passadas e futuras, e não encontrava caminho linear entre elas.
Não só importa escrever sucessivamente, mas saber quem me sucederá numa constelação de sentidos.
O que é a descendência?
A seiva sobe e desce numa árvore, estende-se pelos ramos, e é regulada pelas estações; eu e a árvore dispomo-nos uma para a outra, num lugar por nomear. Este lugar não tem significação de dicionário, não transmigrou para nenhum livro.
Agora o sol, o solo, a solo, encadeiam-me nas palavras Esta madrugada aproximei-me da certeza de que o texto era um ser.

Maria Gabriela Llansol, in um falcão no punho, diário I, Lisboa: Edições Rolim, 1985. p.48

domingo, 13 de fevereiro de 2011






Chama-se amor a muita coisa. Mas nada há digno desse nome que envolva o ego.


Fotografia de Georg Szabo

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Enquanto houver uma gota de petróleo na Terra, não haverá paz. E o que acontecerá depois, depende de termos ou não compreendido as Palavras dos que vieram antes de nós, como Buda, Jesus ou Ghandi. Se nos matarmos uns aos outros, faremos um grande favor aos Demónios. Não levantes a mão contra o teu irmão, como está a acontecer no Egipto. Não sejas um vassalo. Se tiveres de matar alguém, mata antes o Demónio que te oprime. Mas lembra-te: esse Demónio está dentro de ti.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011



Como é que as árvores sabem que devem florir todas naquela noite? Eu acho que elas combinam umas com as outras.

Foi a noite passada.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Roubado daqui.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

There are some qualities- some incorporate things,
That have a double life, which thus is made
A type of that twin entity which springs
From matter and light, evinced in solid and shade.
There is a two-fold Silence- sea and shore-
Body and soul. One dwells in lonely places,
Newly with grass o’ergrown; some solemn graces,
Some human memories and tearful lore,
Render him terrorless: his name’s “No More.”
He is the corporate Silence: dread him not!
No power hath he of evil in himself;
But should some urgent fate (untimely lot!)
Bring thee to meet his shadow (nameless elf,
That haunteth the lone regions where hath trod
No foot of man,) commend thyself to God!

Edgar Allan Poe

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Há dois blogs de livrarias de que gosto muito. O primeiro foi o da Pó dos Livros. Gostei tanto, que passei a ir lá comprar livros. Seguiu-se o da Trama. Quando comecei a segui-lo estava em fase de mudança de instalações. Ainda não fui lá comprar livros, mas irei. Estes blogs proporcionam-nos algo que os blogs das editoras, só concentradas em vendas e lucro, não fazem. Permitem-nos folhear os livros, partilham connosco pequenos excertos que nos fazem sentir exactamente assim: dentro da livraria, com o livro na mão, a folheá-lo. Este é para mim, este não é. Permitem-nos também conhecer um pouco as pessoas que respiram dentro daquela livraria. Dão algo de si, essas pessoas. São pessoas, não são marketeers, o que quer que isso seja, como "consumidor" ou "eleitor" ou "cliente", o que quer que isso seja, será que sequer existe?
Lembro-me de quando comecei a ler livros. Devia ter uns seis anos. Escolhia os livros pelo princípio. Se queria continuar a ler, pedia o livro. A caminho da idade adulta, comecei a escolher os livros pelo fim. A maior parte das pessoas ficava horrorizada: vais ler o fim dos livros? Vou. Que interesse tem? Quero saber para onde vai o livro, se quero ir parar àquele lugar ou não. Mas estragas a surpresa. A surpresa está no meio. Não sei exactamente quando comecei a escolher os livros pelo meio. O meio é vasto. Abro o livro algures no meio. Este foi escrito para mim. Este, não conheço aqueles para quem foi escrito. Este, não quero conhecer aqueles para quem foi escrito. A surpresa está no meio, eu já sabia. O meio é vasto. Já não me interessa o fim, porque o fim é sempre o mesmo. Já não me interessa o princípio, porque o princípio é sempre o mesmo. Interessa-me algo que está no meio. A viagem. Pouco interessa como começa e como acaba. Tudo começa e acaba. É o caminho que faz a diferença. E agora que penso nisso, sei que o meu relacionamento com os outros evoluiu da mesma forma. As pessoas encontram-se e separam-se - quanto mais não seja, porque morrem - não interessa como se cruzaram, como se separaram. Porque ficamos tanto tempo a pensar nisso? Não interessa. O que interessa é a viagem que fazem juntas, o que acontece nessa viagem, como se transformem, como evoluem ou regridem. A mudança está no meio. 
Lembro-me de quando comecei a ler livros, não me lembro de quando comecei a ler pessoas. Li pessoas antes de ler os livros. Ao contrário dos livros, que podia escolher, não podia escolher as pessoas, era obrigada a lê-las, até ter aprendido a não o fazer. Aprendi a também folhear pessoas. Leio o meio. Não me interessa o seu princípio nem o seu fim. Interessa-me saber em que viagem estão. Ao contrário dos livros, não posso escolhê-las, não posso escolher com quem viajar, tal como um livro não pode escolher outro livro para ler. Também não posso escolher sair da livraria, a livraria é a vida. Poder, até posso, mas sair da livraria por causa de um livro, não faz muito sentido. Há outros livros. Por vezes podemos até querer sair da livraria por causa de apenas um livro, uma pessoa. Mas aí, teríamos lido o livro que não queríamos ler. O meio é vasto, a livraria é vasta e há muitos livros que foram escritos para nós. Há uma viagem que temos que fazer e essa viagem é aquela que nos faz feliz, não a que nos faz chorar.
Isto tudo por causa da Pó dos Livros, e da Trama, e da Tasca do Tareca, que não digo onde é, porque é uma pequena jóia no meio das Avenidas Novas, onde voltei a sentir prazer com uma refeição, ao fim de quase três anos.
A livraria é vasta. O meio é vasto. A surpresa está no  meio.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

via Trama


Não se podendo afirmar que o jovem amado ainda está plenamente presente nem que já está definitivamente ausente da cena de circunscrição (da sombra), pode-se todavia dizer que a rapariga coríntia, antecipando a sua ausência, lhe volta as costas e o retira do seu próprio campo de visão. Para poder desenhar o contorno do rapaz, ela faz-se cega (deliberadamente deixa de o ver). Tal é a condição para que a imagem surja: os dois corpos deixam de estar face a face, e a rapariga, em vez de sofrer passivamente o desaparecimento da silhueta masculina no seu horizonte visual, volta-se para a sombra projectada e transforma activamente o que está a desaparecer num reaparecimento – num outro aparecimento.
A lenda de Corinto (…) conta a necessidade originária da imagem: uma mulher terá retido a sombra daquele que morre – terá portanto retido algo da morte – por amor.

Tomás Maia, Assombra, Assírio & Alvim, 2009
via Trama


Assim é o mau humor: um signo grosseiro, uma chantagem vergonhosa. Existem, porém, nuvens mais subtis; todas as leves sombras, de causa rápida, incerta, que passam sob a relação, alteram a luz, o relevo; é subitamente uma outra paisagem, uma ligeira embriaguês negra. A nuvem não é então mais do que isto: algo me faz falta.

Fragmentos de um Discurso Amoroso, Roland Barthes

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