Vou reaprender a dança do leque no fim do silêncio. Serão os primeiros sons que escutarei. Durmo. Sei que durmo, aninhada no peito de alguém. Talvez no meu próprio. O leque aberto rasga, fechado é punhal. O leque é vermelho. Visualizo o leque a rasgar o ar, aberto. O leque torna-se o centro de gravidade do corpo. Estou dentro do leque, por isso o corpo dança à volta dele desenhando formas improváveis. O leque liga o céu e a terra. É um leque muito bonito. Sim, durmo. Sonho. O corpo à volta do leque, sem música, porque este silêncio nasceu da última lágrima. Vou ter de me habituar a escutá-lo, ao silêncio. Será o coração que pulsa sem som dentro da música do leque. Os movimentos do corpo são belos.
Vou para um nível de sono mais profundo. O oceano brilha e flutuo, adormecida, sobre os braços nele traçados do luar. Até as estrelas se silenciaram. Este é o silêncio do verdadeiro princípio. Ventre.
0 comments :
Enviar um comentário