Súbitamente o sentimento que a inundava encheu-a de dor e vergonha, como se tudo estivesse errado, o mundo virado do avesso, a eternidade já não fosse coisa sua, nem o sentimento fosse coisa sua, tornara-se um estranho, algo que agora não deveria ter existido nunca, um erro profundo, algo que parecia devorá-la por dentro, as visões e memórias em cacos afiados como punhais a estilhaçarem-lhe o cérebro e os olhos, um punho fechado de gelo vermelho paralisado dentro do peito, depois negro, depois transparente, depois nada.
Um breve nada - seguido de água furiosa, a jorrar branca e fria por todo o lado dentro de si, a comprimir o sentimento, a tentar expulsá-lo, a comprimi-lo cada vez mais, e o sentimento - que é estrela - a inchar desmesuradamente, até que simplesmente implode sobre si mesmo, e depois explode para fora dela, numa nuvem de luz e fogo, evaporando-se no espaço em redor, desaparecendo do tempo, todo o tempo, por toda a eternidade.
E daquele ponto no presente - é sempre apenas um ponto, o Agora, onde tudo acontece - o passado mudou desde o princípio e o futuro desviou-se.
Boa noite Laura,
ResponderEliminarum belo tema e um texto com o sentir que muitos de nós pensamos em vários momentos da nossa vida.
Gostei do que li.
Um abraço
Boa noite para si também e obrigada.
ResponderEliminarAbraço,
Laura