Descartes, na física, vê o movimento como sendo uma entidade ou qualquer coisa que se mova de um ponto a outro. O holomovimento de Bohm não concorda com o pensamento cartesiano, o seu holomovimento é manifestação e não-manifestação. Nele, a ordem implícita se torna manifesta e não-manifesta e assim por diante.
O Universo Pensa? Criação e Seleção
"Sendo a ordem explícita – o universo de luz – a fonte de toda a manifestação, podemos supor que, talvez, o universo pensa... O universo tenta uma variedade de formas. A selecção natural explica como as coisas sobrevivem depois da sua emergência ou aparição, mas não explica porque tantas formas surgiram. Parece existir uma tendência em produzir formas e estruturas, sendo a sobrevivência ou selecção natural um mero mecanismo que escolhe as formas destinadas a durar. Toda a forma incompatível consigo mesma ou com o meio ambiente está fadada ao desaparecimento. Penso que o universo aprende”.
A Produção de Formas
Bohm: A semente: energia e nutrientes vêm do sol, doar, da terra, da água e do vento, mas a própria semente tem pouquíssima energia. No entanto, possui a forma da planta e essa minúscula energia ou forma se imprime em todos os outros factores para produzir a planta. Essa pitada de energia governa, de algum modo, o desenvolvimento subsequente, de modo que o sistema inteiro se destina à produção de uma planta e não de um cão, de um gato ou de outra coisa qualquer... Pensamento e matéria são ordens muito parecidas. Podemos dizer que a natureza ou a matéria também é criatividade e pensamento intuitivo. Assim, num certo sentido, a natureza tem vida. E inteligência. Ela é mental e material, como nós. Se alguém é percebido como inimigo, a matéria se organiza de maneira diferente do que o faria caso se tratasse da percepção de alguém amistoso. O eléctrão faz praticamente o mesmo que nós, ao reagir a determinada situação. Ele observa o ambiente.
O Que Seria a Matéria para Bohm?
Bohm, falando sobre a metáfora existente no misticismo: iluminado, iluminação, fez-se a luz - chega a uma conclusão muito importante sobre a origem da matéria à luz da física moderna.
Bohm: “Quando um objeto se aproxima da velocidade da luz, segundo a relatividade, seu espaço interno e seu tempo interno mudam; o relógio se atrasa em relação a outras velocidades e a distância é encurtada. Descobre-se que as duas extremidades do raio luminoso não guardam tempo ou distância entre si, representando consequentemente um contacto imediato (esclarecido pelo físico G. N. Lewis nos anos 20). No ponto de vista da moderna teoria de campo, os campos fundamentais são os dotados de energia superior, em que a massa pode ser negligenciada; eles poderiam mover-se à velocidade da luz. A massa é um fenómeno originado da ligação dos raios luminosos no seu avanço e recuo, uma espécie de consolidação num dado esquema. Então, é como se a matéria fosse luz consolidada, congelada. A matéria não se constitui apenas de ondas electromagnéticas, mas, num certo sentido, de outros tipos de ondas que avançam à mesma velocidade. Portanto, toda a matéria é condensação de luz em esquemas que avançam e recuam a velocidades médias, inferiores à da luz. O próprio Einstein teve vislumbres dessa ideia. Diríamos que vir à luz, significa assumir a actividade fundamental onde a existência se embasa, ou, pelo menos, aproximar-se disso”.
“A luz é o meio através do qual o universo inteiro se concentra em si mesmo... É uma condição real, pelo menos no quadro da física... A luz é energia, informação. Conteúdo, forma e estrutura. É o potencial de tudo”.
David Bohm preocupou-se com o tema da “consciência” e o fez de uma forma tão magistral que, resguardando-se a essência da sua interpretação, segundo a sua teoria, o neurofisiologista Antonio Damásio teve nele um precursor de monta: Bohm acreditava na consciência como não apartada da matéria e do processo neurofisiológico. Muitos dos leitores estarão curiosos em saber o que os colegas de David Bohm, os cientistas da física, pensariam sobre toda esta teoria que reunimos aqui.