terça-feira, 7 de julho de 2009
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terça-feira, julho 07, 2009
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Sofia Raposo de Almeida
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terça-feira, julho 07, 2009
Ancorada a uma espera de refracção impossível, luz devorada pela própria sombra, pulsão de irreversibilidade, inexisto. Até que a única imperfeição da flor, rebelde e gelada, me liberte, sem som algum ou compaixão.
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Sofia Raposo de Almeida
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terça-feira, julho 07, 2009
No man is an island, entire of itself;
every man is a piece of the continent, a part of the main.
If a clod be washed away by the sea,
Europe is the less, as well as if a promontory were,
as well as if a manor of thy friend's or of thine own were.
Any man's death diminishes me, because I am involved in mankind;
and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee...
John Donne, Meditation 17, Devotions upon Emergent Occasions
Quando não tenho que lidar com os teus temporais, tudo no meu universo fica mais tranquilo. A minha dança apazigua a tua eterna deslealdade. Mãos como raízes, braços como ramos, pés como frutos. A dança é fluida. Véus de vento, água e luz cobrem a terra. Pequenas línguas de fogo despertam no núcleo; a sua extrema intensidade transforma os metais e regula os pólos; a sua delicadeza poupa as árvores.
Talvez um dia consiga despertar-te desse sono profundo. Melhor ainda... talvez um dia despertes por ti e por aqueles que precisam de ti. E esqueças as meras questões mundanas que nos separam.
As aves marinhas voam à altura do meu olhar, agora sereno. Como cenário de fundo, uma cidade ao crepúsculo, uma foz, um rio, o mar cor de prata, os tons azuis, roxos e rosa do sol que desaparece na orla do planeta, que por vezes parece perdido... As luzes vão-se acendendo uma a uma, ofuscando as estrelas, e os sinos tocam. São dezoito horas e trinta e dois minutos. Porque tocarão os sinos? Talvez por mim, como tão bem escreveu John Donne. Não deixa de ser uma hora estranha para eles tocarem. Agora, que me sentei a escrever, enquanto anoitece. Tocam por mim, com certeza.
Hoje não sei qual de mim sou. Estou numa cidade estranha, mas ao mesmo tempo familiar, onde não há táxis. As aves continuam a voar à altura dos meus olhos, assim levam-me com elas, estou precisamente no sétimo piso, no plano exacto do vôo tranquilo do crepúsculo, antes que adormeça tudo o que é natural e ao dia pertence. É um óptimo plano para se estar. Mas continuo sem saber qual de mim sou e que partes de mim estão acordadas e quais dormem. Talvez seja por estar numa cidade estranha, talvez nada em mim durma ou nada em mim esteja acordado, se quando viajo estou sempre no plano do sonho, afinal no plano do vôo, afinal longe, até de mim.
Estou rodeada de mogno, seda, cabedal, aço, de tons castanhos, creme e côr de vinho maduro. Quente e confortável. Sólido. Não era necessário tanto para voar. Mas por vezes acontece. Talvez ainda não esteja pronta para voltar a andar de pés descalços. Ainda tenho as plantas dos pés queimadas. Talvez por isso os sinos toquem. Talvez pela morte de alguém. De alguém que sou. Pois sou todos os que já existiram e existem e virão a existir. Ou talvez apenas pelas plantas dos meus pés.
Talvez um dia consiga despertar-te desse sono profundo. Melhor ainda... talvez um dia despertes por ti e por aqueles que precisam de ti. E esqueças as meras questões mundanas que nos separam.
As aves marinhas voam à altura do meu olhar, agora sereno. Como cenário de fundo, uma cidade ao crepúsculo, uma foz, um rio, o mar cor de prata, os tons azuis, roxos e rosa do sol que desaparece na orla do planeta, que por vezes parece perdido... As luzes vão-se acendendo uma a uma, ofuscando as estrelas, e os sinos tocam. São dezoito horas e trinta e dois minutos. Porque tocarão os sinos? Talvez por mim, como tão bem escreveu John Donne. Não deixa de ser uma hora estranha para eles tocarem. Agora, que me sentei a escrever, enquanto anoitece. Tocam por mim, com certeza.
Hoje não sei qual de mim sou. Estou numa cidade estranha, mas ao mesmo tempo familiar, onde não há táxis. As aves continuam a voar à altura dos meus olhos, assim levam-me com elas, estou precisamente no sétimo piso, no plano exacto do vôo tranquilo do crepúsculo, antes que adormeça tudo o que é natural e ao dia pertence. É um óptimo plano para se estar. Mas continuo sem saber qual de mim sou e que partes de mim estão acordadas e quais dormem. Talvez seja por estar numa cidade estranha, talvez nada em mim durma ou nada em mim esteja acordado, se quando viajo estou sempre no plano do sonho, afinal no plano do vôo, afinal longe, até de mim.
Estou rodeada de mogno, seda, cabedal, aço, de tons castanhos, creme e côr de vinho maduro. Quente e confortável. Sólido. Não era necessário tanto para voar. Mas por vezes acontece. Talvez ainda não esteja pronta para voltar a andar de pés descalços. Ainda tenho as plantas dos pés queimadas. Talvez por isso os sinos toquem. Talvez pela morte de alguém. De alguém que sou. Pois sou todos os que já existiram e existem e virão a existir. Ou talvez apenas pelas plantas dos meus pés.
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terça-feira, julho 07, 2009
Vou reaprender a dança do leque no fim do silêncio. Serão os primeiros sons que escutarei. Durmo. Sei que durmo, aninhada no peito de alguém. Talvez no meu próprio. O leque aberto rasga, fechado é punhal. O leque é vermelho. Visualizo o leque a rasgar o ar, aberto. O leque torna-se o centro de gravidade do corpo. Estou dentro do leque, por isso o corpo dança à volta dele desenhando formas improváveis. O leque liga o céu e a terra. É um leque muito bonito. Sim, durmo. Sonho. O corpo à volta do leque, sem música, porque este silêncio nasceu da última lágrima. Vou ter de me habituar a escutá-lo, ao silêncio. Será o coração que pulsa sem som dentro da música do leque. Os movimentos do corpo são belos.
Vou para um nível de sono mais profundo. O oceano brilha e flutuo, adormecida, sobre os braços nele traçados do luar. Até as estrelas se silenciaram. Este é o silêncio do verdadeiro princípio. Ventre.
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terça-feira, julho 07, 2009
(*) Conto infantil de Sophia de Mello Breyner
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domingo, 5 de julho de 2009
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domingo, julho 05, 2009
O tempo... são mãos, criadoras, educadoras, castigadoras... mãos, que moldam barros, cortam joio, cavam leitos de rio, amassam pão, pisam uvas, fundem metais, desenham artes, dominam o fogo, rasgam sem compaixão os trilhos da nossa vida... mãos. O tempo são as nossas mãos. Delas surgiu o tempo, como da batuta de um maestro, e só se silenciará quando a música der lugar ao deslumbramento.
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Jean-François Rauzier
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sábado, 4 de julho de 2009
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sábado, julho 04, 2009
A Rosa está sujeita às leis da eternidade.
Lectorium Rosicrucianum
Saiph(1) e Eltanin(2): alguns graus e milhares de anos luz de separação.
Tudo numa não-relação é tangencial. Mas o desejo de fusão de uma estrela com outra pode ser tão forte quanto o medo. Pode transformar-nos em Ícaros. Eltanin está desperta, Saiph dorme um sono profundo. Nasceram em galáxias distantes. Se acordasses, Saiph, ver-me-ias. Mesmo longe, saberias quem sou. Desperta para a tua eternidade, para que possas baptizar-me. Ou terei sido em vão.
(1) Kappa Orionis (constelação de Orion)
(2) Gamma Draconis (constelação de Draco)
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Gnose
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sexta-feira, 3 de julho de 2009
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sexta-feira, julho 03, 2009
E a tonta da alma, que continua a cantar... a mente desistiu... o corpo já não se levanta, as manhãs tornaram-se noites profundas, sem estrelas, de sono cobertas, como pesados mantos de indiferença.
Sinto o rosto a arder, agora. É da lama. Enterro nela as mãos. A lama está quente, macia, cinzenta, quase barro. Dói-me o pescoço, da tensão. Penso em pousar a cabeça. Enquanto a alma cantar, ainda espero. Talvez com a boca consiga ainda fazer uma espada do barro que se prepara para me enterrar.
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terça-feira, 30 de junho de 2009
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