quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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quinta-feira, dezembro 03, 2009
madalena já não sabia o que fazer a tantos vidros partidos dentro dela, se pudesse, abriria a porta e mudava de casa, mas não podia. havia vidros por todo o lado, algo de realmente grande parecia ter-se estilhaçado dentro, os vidros estavam por todo o lado e eram tão reais que lhe perfuravam o corpo e ela via-os, mas mais ninguém os via. os piores eram os que saíam pela parte de trás do pescoço, mas também espreitavam pelos pulsos, pela nuca, atrás dos joelhos, por entre os dedos dos pés e das mãos, debaixo dos olhos... madalena não compreendia as pessoas, diziam-lhe: estás mais bonita, estás tão bonita. olhava para o espelho e via as pequenas rugas no canto exterior dos olhos a sangrar e aquelas enormes manchas escuras a alastrarem dos olhos para as faces e todos os vidros a romperem-lhe a pele. onde estava a vassoura e a pinça? precisava extirpar os vidros, varrê-los, fazer algo para se ver livre deles, mas era tão imenso o que se tinha estilhaçado, era todo o seu ser interior, tudo o que estava por dentro estava partido, só agora descobrira que o seu interior era todo feito de vidro, frágil, frágil, frágil, como era possível que os outros não vissem? estás tão bonita, insistiam eles, tens uns olhos tão brilhantes. não conseguia olhar para o espelho, ficava horrorizada, mas o pior eram as dores. as dores eram terríveis. respirar tornara-se uma agonia, pois sentia os vidros também nos pulmões, os movimentos, quaisquer que fossem, rasgavam-na um pouco mais, cada um, um pouco mais, era mais um vidro que se espetava nela, abrir a porta e sair, quero sair, mas não havia porta, apenas milhares de rasgões e tudo partido, e todas aquelas coisas a morrerem dentro dela, os órgãos, talvez, sentia as coisas a morrerem, como se dentro dela morresse uma árvore ou um pássaro, algo outrora vivo e grandioso, agora a apodrecer e todos tão cegos, cegos, talvez os estilhaços mais pequenos tivessem saltado para os olhos dos outros, de todos os outros, pelo menos não precisava esconder, mas aquelas coisas a morrerem todas dentro dela e os vidros espetados, finalmente descobriu a porta, arrancou com toda a força o bocado maior de vidro, o que saía do pescoço e espetou-o do lado esquerdo do peito. seguiu-se uma explosão de pó de vidro e acabou tudo.
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prosas
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Sofia Raposo de Almeida
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009
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segunda-feira, novembro 30, 2009

O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitamGrandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver.
São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.
Fernando Pessoa, in Cancioneiro
Escultura Fugit Amor, de Auguste Rodin, 1884
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Auguste Rodin
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Fernando Pessoa
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domingo, 29 de novembro de 2009
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domingo, novembro 29, 2009

[...]
A nossa casa estava toda envolvida em hera. Vista da montanha, a nossa casa era um pequeno monte de verde com janelas, com uma varanda e com um brasão de pedra. Estivera a escrever toda a noite e, no banco ao meu lado, tinha já trinta páginas escritas. Ao escrevê-las, sentira palavra a palavra, quase letra a letra. Eram as trinta páginas mais importantes da minha vida. Ao escrever, tinha vivido. Eram trinta páginas que eram o meu amor todo e a minha esperança. Sentado à escrivaninha onde os anos passavam, olhávamo-nos muito: ela dentro de mim e o meu olhar dentro de mim, junto dela. O meu braço tremia e, com a esferográfica, escrevia em folhas brancas cada uma das palavras que a diziam. Ela sentia as palavras a tocarem-na. Ela fechava lentamente os olhos. E o tempo em que mantinha as pálpebras fechadas era tocar-me, era tocar o sol, e, na pele, absorver toda a sua luz. Eu, que não podia ter nos braços aquela vida interior que era a minha vida toda, que não podia dar-lhe a mão, que não podia sequer passar-lhe os dedos devagar pelo rosto, fazia tudo isso escrevendo.
José Luís Peixoto in Uma Casa na Escuridão
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José Luís Peixoto
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sábado, 28 de novembro de 2009
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sábado, novembro 28, 2009
Será que podemos reinventar-nos? Perguntou hoje alguém.
Na realidade, a maior parte de todos as coisas vivas no universo reinventa-se diariamente só por uma mera questão de sobrevivência. Adaptarmo-nos é, de certa forma, reinventarmo-nos. Ou nos reinventamos ou extinguimo-nos. Mas esta é uma forma relativamente passiva de nos reinventarmos.
Muitos cientistas e biólogos procuraram no cérebro humano características que realmente nos diferenciassem dos outros animais, essencialmente primatas, e não conseguiram encontrá-las ou defini-las. Tudo o que parecia distinguir-nos dos outros primatas, afinal, é comum a ambas as espécies. Nós processamos em maior quantidade a informação, mas não em qualidade. Os chimpanzés e os gorilas, tal como nós, desenvolvem estratégias, constroem ferramentas e abrigos, sonham, riem e choram, amam, sentem ciúme, inveja, irritação.
Talvez o ser humano, no entanto, seja a único ser da Terra capaz de reinventar-se de uma forma diferente, não apenas para se adaptar, não apenas para sobreviver, mas para, ao reinventar-se, recriar um mundo diferente à sua volta. E essa é uma característica única daquilo a que os filósofos e sábios sempre chamaram Mente.
E mesmo assim, talvez não... Talvez um dia descubramos que há outras criaturas na Terra capazes de o fazer, que também possuem uma Mente, como nós.

Fotografia de Matthias Clamer
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Sofia Raposo de Almeida
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009
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quinta-feira, novembro 26, 2009

Por vezes a vida é tão insuportável para alguns que só lhes resta encená-la. Criam cenários e actores, enredos e diálogos, sendo sempre eles os actores principais, os únicos de carne e osso; os restantes, fantoches, sombras, sem pincelada de realidade, nem um sorriso verdadeiro, nem uma lágrima que molhe, nem um toque em que se sinta o osso ou a veia a pulsar, não, tudo imaginado, imaginário: imagens idealizadas.
E eu sento-me no balcão, silenciosa, e a única coisa que posso fazer é aplaudir.
Mas não me convidem para o palco. Posso até assistir à peça até ao fim. Depois parto sem me despedir.
Fotografia: Marco Di Fabio
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Marco Di Fabio
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Sofia Raposo de Almeida
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terça-feira, 24 de novembro de 2009
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terça-feira, novembro 24, 2009
Patience, patience
Patience dans l'azur
Chaque atome de silence
Est le coeur d'un fruit mûr
Não há um último pensamento em si e por si.
Em alguns
insectos machos, há um último acto, que é de amor, após o qual morrem.
Mas não há pensamento que esgote as virtualidades do espírito.
Há
porém uma estranha tendência (em todos os espíritos de certa ordem) que
é a de avançarem sempre rumo a não sei que ponto de não sei que céu.
Paul Valéry
via Trama, Introdução ao Método de Leonardo da Vinci
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Paul Valéry
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terça-feira, novembro 24, 2009
Um filme de Giuseppe Tornatore. Um filme sobre a vida, sobre a infância, a adolescência, a maturidade e o envelhecimento, o cair das folhas dos sonhos ao longo do caminho e uma amizade que sobrevive a tudo, entre um velho e um rapaz.
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cinema
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Giuseppe Tornatore
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segunda-feira, 23 de novembro de 2009
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segunda-feira, novembro 23, 2009

Talvez porque só veja dentro do círculo.
Fotografia: Cheyenne Glasgow
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.
Fernando Pessoa, O dos Castelos, in A Mensagem
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.
Fernando Pessoa, O dos Castelos, in A Mensagem
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sexta-feira, novembro 20, 2009

Quem fala de Amor não ama verdadeiramente: talvez deseje, talvez possua, talvez esteja realizando uma óptima obra literária, mas realmente não ama; só a conquista do vulgar é pelo vulgar apregoado aos quatro ventos; quando se ama, em silêncio se ama: às vezes o sabe a mulher amada, mas creio até que num amor que fosse pleno, em que nada entrasse das preocupações da terra, nem ela o saberia.
[...]Admirar a Natureza e não admirar a mulher que é a sua obra mais bela e não a admirar, querendo-a, em tudo o que ela é, espírito e corpo, é ser um poeta que faltou, na sua alma, à amplitude do mundo. O primeiro dever diante de uma mulher é ser um fogo que arde e um coração que se vigia.
[...]
Apesar de todas as amizades, sempre na vida estamos sozinhos; o que é mais grave, mais doloroso, exactamente como o que é mais belo, passa-se apenas connosco. Entre um homem e outro homem há barreiras que nunca se transpõem. Só sabemos, seguramente, de uma amizade ou de um amor: o que temos pelos outros. De que os outros nos amem nunca poderemos estar certos.
[...]
Aqui tem você um conselho que lhe poderá servir para a sua filosofia: não force nunca; seja paciente pescador neste rio do existir. Não force a arte, não force a vida, nem o amor, nem a morte. Deixe que tudo suceda como um fruto maduro que se abre e lança no solo as sementes fecundas. Que não haja em si, no anseio de viver, nenhum gesto que lhe perturbe a vida.
Agostinho da Silva, in Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, II, edição da Ulmeiro, 1990
Aqui tem você um conselho que lhe poderá servir para a sua filosofia: não force nunca; seja paciente pescador neste rio do existir. Não force a arte, não force a vida, nem o amor, nem a morte. Deixe que tudo suceda como um fruto maduro que se abre e lança no solo as sementes fecundas. Que não haja em si, no anseio de viver, nenhum gesto que lhe perturbe a vida.
Agostinho da Silva, in Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, II, edição da Ulmeiro, 1990
Pintura de Odilon Redon, Sombra e Luz, 1900
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Agostinho da Silva
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segunda-feira, 16 de novembro de 2009
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Sofia Raposo de Almeida
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